Descrição enviada pela equipe de projeto. O terreno de 223m² está localizado em Gundlupet, uma pequena cidade perto de Mysore ao sul da Índia, e possui uma estrada de acesso ao norte. A paisagem rural em torno abre espaço para um desenvolvimento enigmático de estruturas “sem lugar”, inspiradas pelo imaginário urbano. O processo foi analisar essas condições e desenvolver uma forma que mantivesse o senso de continuidade atrelado a ideia de lugar, sem recorrer a imitação do antigo. O cliente pede por uma casa com três dormitórios, capaz de acomodar duas famílias e vida social.
O programa quando bloqueado ocupa todo o nível inferior. Dois volumes, subtraídos a partir disso, são movidos para o nível superior. Um dos espaços abertos é usado como abrigo para carros, protegido no topo através da recuperação desse espaço no nível superior. O outro é um pátio a céu aberto localizado na parte traseira, tal espaço é visto como uma âncora ao redor, responsável pela organização do projeto. O pátio e os espaços abertos mantêm-se relevantes social e climaticamente nesse contexto. Nossa ideia era de enxerga-lo não como um espaço residual, como acontece na maior parte dos lotes com 223 m² , mas como uma área valiosa capaz de proporcionar vida a experiência. Aqui os ambientes recuam da borda da rua para orientar os espaços que seguem em direção ao pátio posterior, que é visto como uma extensão das demais áreas no nível inferior. Este nível abriga a sala de estar, jantar, cozinha e dormitório principal. O dormitório principal e a sala de estar se abrem para o pátio posterior. Há também o espaço usado como estacionamento, capaz de duplicar sua extensão e juntar-se a sala de estar, ampliando-a durante eventos sociais. As salas de estar e de jantar possuem pé-direito duplo, estabelecendo conexões com os níveis superiores. O nível superior conta com mais dois dormitórios e uma família. Aqui um dos dormitórios funciona como um espaço multifuncional, uma vez que a porta de correr, que age como parede, se abre para integrar o espaço familiar. Os cômodos com pé-direito duplo, estrategicamente localizados, ajudam a experimentar diferentes sensações em direção ao pavimento inferior da casa. O movimento através do projeto é orquestrado através de manipulações sutis entre os andares, que levam a uma suntuosa escadaria e depois, passando pela sala de jantar, segue até o primeiro pavimento. A escada continua, guiando o visitante até o terraço, um ambiente eficaz quando levado em conta o estilo de vida indiano. Na região, o terraço é normalmente usado para secar alimentos, empinar pipas e até mesmo como quarto alternativo no verão.
Os volumes ganham vida através da luz, que é filtrada pelas aberturas estrategicamente posicionadas e pelos dispositivos de sombreamento, criados através de telhas de argila a prova de intempéries. Essas telhas são usadas na vertical e na horizontal, criando planos capazes de gerar privacidade ao mesmo tempo em que concedem luz controlada; como resultado a fachada funciona como uma textura, destacando a natureza introvertida da casa. Essa ideia, resultante da orientação dos espaços interiores em detrimento dos exteriores, reconhece de forma crítica a estrutura mutável da cidade e a perda de vibração gerada anteriormente na malha urbana.
A estrutura é constituída por molduras RCC preenchida com tijolos. O sistema de captação de água e as estratégias de aquecimento solar diminuem as quantidades de água e energia necessárias. As opções de materiais na paisagem rural, como tijolo, Cuddapah (pedra negra da região), telhas de Terracotta, cimento e superfícies pavimentadas com madeira adicionam uma dimensão experimental, uma vez que são usadas de formas não usuais. Esse aspecto de reelaboração contribui para a evolução da paisagem enquanto mantém táteis os vínculos com o local.